Raios partam as mães perfeitas

Encho-me de bipolaridades grande parte do tempo. Há dias em que nem eu me aturo. Há outros que ninguém consegue jurar que tenho este mau feitio. Às vezes choro horas seguidas. Há horas em que se ouvem as maiores gargalhadas sonoras. Dias de euforia desmedida, energia lá no alto, capacidade de encaixe aos montes e pontapés de bicicleta nas neuras e nas amarguras. E depois há outros que se pudesse não saía da concha, não abria os olhos, não deixava que nenhum dos meus músculos trabalhasse. 
Não há nenhum dia que não o sinta como o dia da mãe. Não falo de flores e colares de massinhas pintadas! Falo dos dias da mãe cozinheira, motorista, enfermeira, professora, atleta e treinadora de gomas de ursinhos! Aquela mãe que deixa escapar um rolar de olhos, um suspiro fundo e um grito agudo, por entre as centenas de coisas boas que também faz durante o dia. Sim, faço papas de aveia e fruta nuns dias, e noutros junto água à papa do pacote! E então? Não dão trabalho nenhum, os miúdos gostam e toda a gente fica feliz! Raios partam as mães perfeitas e os seus filhos que "nunca deram trabalho nenhum, só comem biológico, e não fazem cocós até às costas"! Os meus dão cabo de mim, fazem-me engolir sapos e esfregar calças com nódoas de resíduos dos quais desconheço a origem! 
Há dias em que me sinto uma mãe desertora. Mas na sua grande maioria mantenho-me firme. Aprendi no melhor pelotão, o que ainda é comandado pela melhor instrutora de mães que conheço, a minha!


CONVERSATION

2 comentários:

Back
to top