Ser mãe de três é deixar o primeiro com um olho no segundo, o segundo com os dois olhos na televisão enquanto o terceiro vai no colo com os sentidos todos na mama. 

Ser mãe de três é deixar que um vá dormir a casa da avó e sentir-me praticamente de férias por ter uma mão para cada um dos que ficaram.

Ser mãe de três é a desculpa que faltava para comprar aquele carro de sete lugares que andava a namorar desde que tive o segundo (quem é que nunca se apaixonou por um monovolume neste vida 🙄?)

Ser mãe de três é sonhar em ir morar para uma quinta com um pomar de frutos variados e, pelo menos, uma vaca leiteira.

Ser mãe de três é organizar as roupas que deixam de servir em gavetas, por tamanhos, de modo a que o sótão se pareça com a secção infantil da zara. 

Ser mãe de três é tomar banho, trocar de pijama e ouvir um deles perguntar onde é que vou por estar "arranjada".

Ser mãe de três é tão isto e tantas outras coisas mais, especialmente aquelas que ainda vou descobrir. Fica só aqui o resumo dos últimos dois meses...

Mãe de três...

Ainda temos parte das terapias suspensas pelo que, claro está, sobra para a malta cá de casa. E não me venham com a tradicional conversa de "em casa sê só a mãe" que eu não entendendo essa definição...

Assim sendo e acreditando que há mais famílias por aqui, exímias na arte de desenrascar momentos terapêuticos, pergunto: quais os materiais de apoio que mais usam?

Obviamente que depende do que quero que a Lau trabalhe, mas para nós, o amendoim do pilates é sempre uma boa opção. Com o amendoim consigo que ela trabalhe membros inferiores e tronco, e se usar outro material ainda, como um puzzle ou outro jogo, ainda consigo que trabalhe os membros superiores.

A balance board da wobbel (comprei aqui)é uma novidade cá em casa mas já nos conquistou. Entre trepar, subir e descer, ainda consigo que ela trabalhe bastante o equilíbrio de tronco na posição de pé, a carga nos membros inferiores e o sistema vestibular.

E para quando preciso que ela me dê 5 minutos de descanso, escolho a massa de modelar ou a areia cinética, que são óptimas para trabalhar texturas, o estímulo da motricidade fina e o trabalho dos músculos e das articulações das mãos.

Às vezes, digo em tom de brincadeira, que podia montar um ginásio terapêutico em casa. Era ter mais espaço e avançava com a ideia, tal é a quantidade de coisas que usamos cá em casa.

E por aí, quais são os vossos indispensáveis no apoio à terapia/ocupação/brincadeira homemade?

Wobbel balance board em apoio à terapia

Estou feita em fanicos.

Nunca soube estar grávida nem o que será feito do tal estado de graça. Há dias em que não consigo perceber se tenho várias pequenas dores localizadas ou uma única dor generalizada. Na grande maioria dos dias o desconforto da gravidez, quase mitológico porque afinal nem é desconforto, é só "normal e faz parte", está aliado a todo um mundo doloroso e incapacitante que me deixa atordoada. Estou profundamente exausta e sem paciência absolutamente nenhuma para toda e qualquer tarefa do quotidiano, o que inclui educar os miúdos enérgicos que estão ali na divisão ao lado. Gostava de dizer que não faz mal, mas não é bem assim. Encho-me de culpa por isso, dou cabo do discernimento mental, esforço a capacidade física de me mexer. Agravo a dor que achei que seria apenas ciática (herança da primeira gravidez) mas afinal, pasmo-me porque está ali à vista de todos, uma variz gorda e bem azul, que lateja sempre que não descanso o suficiente. E eu nem a vi! Senti a dor durante largas semanas, mas nem me passou pela cabeça olhar para a perna, como se não olhar fizesse com que a dor desaparecesse.

Por entre puzzles, legos, cafés a fingir e conversas sobre nada de especial mas inadiáveis, lá me sento cautelosamente, para me levantar logo de seguida, porque aquela hemorróida (herança da segunda gravidez) me lembra que sentar não faz parte dos verbos dos meus dias. Não tenho disponibilidade física nem mental para parar e tratar, porque explicar aos miúdos que os cubos de gelo não se põem só nas testas negras ou nos copos de gin, me esgota o que resta da energia, e ia dar uma conversa longa e bastante divertida amanhã na escola.

Sou detentora de uma azia exagerada, uma urticária que vai e vem e uma sinusite que ficou para sempre. Há dias em que estou desolada e culpo as hormonas, há outros em que me culpo a mim ou a outra pessoa qualquer. Tenho a sensação de que daqui a umas semanas será triplamente difícil e que estas e outras fragilidades e dificuldades se aglomeram e ficam ali demasiado facilmente, taco a taco com tristezas mais profundas. 

Peço-lhe todos os dias que me resgate pacientemente, quando o brilho se começar a desvanecer e o sentido de humor se for embora. Hoje já me deu um ombro para limpar as lágrimas, e por isso, mas só por isso, prometo que não faço mais piadas sobre a sua santa terrinha, pelo menos até amanhã. 

Ora vamos lá ver: se esta gente estiver sentadinha na esplanada a beber um café e a cuscar o feed do ig e eu lá chegar e disser "acha que me posso sentar aqui ao seu lado, conversar e mexer no seu telemóvel?", o que é que acham que vão dizer??

Pois também me parece 🙄 

É o terceiro carrinho que passa cá por casa. O primeiro era um Lolla up da Bebeconfort e foi escolhido, apenas e só, com base no tamanho que ocupava na mini bagageira do carro que tinha na altura. Chegou, herdado, à Laura e, por uma série de razões, não cumpria os requisitos necessários às suas necessidades. Precisava de um assento estruturado, com separador de pernas e apoio de pés ajustável e por isso compramos um Quinny Moodd, que nos fez as delícias até há uns dias, altura em que chegou cá a casa o Quinny Hubb.

A miúda adora andar no chão mas as caminhadas não podem ser muito longas, pelo que deixar de ter lugar no carrinho, após a chegada da Mel, não era opção. Dos carrinhos existentes no mercado, pareceu-nos o melhor em termos qualidade/preço. É bastante mais leve do que eu estava à espera, é muito fácil de manobrar e o cesto é enorme. Não tem as características da cadeira do Moodd, mas entretanto a Laura já tem, novamente, outras necessidades, pelo que esta se adapta.

Tem opção de transporte de apenas uma ou duas crianças de idades próximas em simultâneo, usando o ovo/alcofa e cadeira, duas cadeiras (kit de segunda cadeira adquirido à parte) ou ainda ovo/cadeira e banquinho de madeira, ideal para manos mais velhos, que já se equilibram e seguram na perfeição mas que ainda pedem algum colo.

Por cá ainda estamos a usar só a cadeira com a Lau, mas o ovo já está ali à espera para ser colocado a uso outra vez.

Aguenta-te Amélia, que aqui a motorista ainda não tirou a carta de veículos longos.

Não sei nada sobre equipas de sonho, mas sei tudo sobre a nossa equipa, aquela que construímos todos os dias à base de confiança, trabalho e um orgulho desmedido. Sei de lutas, de expectativas e frustração, de cansaço e de desistências. E sei também de recomeços e de dificuldades que se ultrapassam a pulso. Sei tanto sobre a nossa equipa que de repente, tenho a certeza que sei tudo sobre equipas de sonho.

Nos dias de tratamentos invasivos, preparamos a logística da vida que não tende a desacelerar, mobilizamos a mãe que é a minha, inspiramos fundo e vamos. O caminho que se faz num ápice é o mais longo, o trânsito torna-se mais moroso e o sol parece não querer nascer como nos outros dias. Outrora, o estômago embrulhava-se, mas agora segue só pouco saciado, como que em solidariedade com o jejum quase sempre necessário nestas andanças. 

Quando se abrem as portas, a sala de espera vai-se compondo de famílias, às quais raramente falta uma mãe. Reconhecemo-nos das marcações do caminho que todas fizemos até ali, da voz embargada e do desembaraço próprio da força do hábito. Empurramos carrinhos, transportamos sacos, uma ponta de emoção no olhar e uma ruga de expressão na testa.

As mães, estas com quem partilho uma sintonia de sentidos, são como golfadas de ar fresco, num ambiente saturado de éter e conversas de circunstância. Respiram como eu, depressa ou devagar, consoante o que nos exigem e seguem rumo ao que lhes diz o instinto. Falamos a mesma língua e movemo-nos no mesmo espaço. Somos aquele gangue, o de sempre e de quase nunca, que está lá mesmo sem estar, e que nos conforta tantas vezes, num abraço invisível. 

Terminado o procedimento é correr a disponibilizar o meu colo de mãe ao meu coração, e sorrir com os olhos a quem está a fazer o mesmo, sem pudores e sem críticas, apenas com amor. É voltar a pegar nas rugas de expressão, nos sacos e nos carrinhos e desejar, com tudo o que temos, que o caminho seja, desta vez, mais curto e menos emotivo. É disponibilizar o ombro e o que resta do colo àquela mãe com quem partilhamos o dia e sair confortada com o gesto. E é chegar a casa e sentir instantaneamente que a mãe, que é a minha, aqui deixou também o seu colo, só pelo ar limpo e desenxovalhado que por cá se sente. 

As mães são mesmo do caraças.