Não me rendo!

Leio tudo e de tudo. Leio artigos publicados sei lá onde e por quem, e que tenho a sensação que mais ninguém lê. Dou por mim a descobrir factos sem interesse absolutamente nenhum. Leio rótulos, leio instruções de coisas, leio bulas e mais outras tantas linhas, todos os dias.
E depois leio isto, de um blogue escrito por alguém que eu não conheço e que de repente já me diz tanto, e me acrescenta o meu dia. Não conheço esta mãe, mas reconheço-lhe o espírito, a garra e a energia. Reconheço-lhe as linhas escritas, o pensamento e a força. Reconheço-a e revejo-me em tantos traços vincados.

Agradecida pelo que me deu naquele dia, inclusivamente por este poema maravilhoso que me mostrou, e que eu também não conhecia.

Deixo um excerto da publicação original da "Uma Família Raríssima - o Blog", que podem ler aqui, e ainda o poema que me tem inspirado nestes últimos dias:

"Engana-se a si e aos outros quem diz e aparenta ter dias só de sol. À semelhança do verão deste ano, há dias em que o sol brilha pouco, ou vai brilhando intermitente, com algumas abertas, conforme vão passando as nuvens. Sejam os motivos muito válidos ou pouco. Existam razões para isso ou não. Tudo depende da forma como a nossa mente lida com as nuvens e a capacidade que tem para as afastar ou aproximar do sol."



Não te rendas, ainda estás a tempo
de alcançar e começar de novo,
aceitar as tuas sombras
enterrar os teus medos,
largar o lastro,
retomar o voo.

Não te rendas que a vida é isso,
continuar a viagem,
perseguir os teus sonhos,
destravar os tempos,
arrumar os escombros,
e destapar o céu.

Não te rendas, por favor, não cedas,
ainda que o frio queime,
ainda que o medo morda,
ainda que o sol se esconda,
e se cale o vento:
ainda há fogo na tua alma
ainda existe vida nos teus sonhos.

Porque a vida é tua, e teu é também o desejo,
porque o quiseste e eu te amo,
porque existe o vinho e o amor,
porque não existem feridas que o tempo não cure.

Abrir as portas,
tirar os ferrolhos,
abandonar as muralhas que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desafio,
recuperar o riso,
ensaiar um canto,
baixar a guarda e estender as mãos,
abrir as asas
e tentar de novo
celebrar a vida e relançar-se no infinito.

Não te rendas, por favor, não cedas:
mesmo que o frio queime,
mesmo que o medo morda,
mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,
ainda há fogo na tua alma,
ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo início,
porque esta é a hora e o melhor momento.
Porque não estás só, por eu te amo.

Autor: Mário Benedetti (1920-2009)

CONVERSATION

2 comentários:

  1. Olá Cristiana. Por incrível que pareça, só ontem dei com a referência ao meu blog Uma Família Raríssima, no seu blog. Não sei porque não vi antes e tenho mesmo pena, porque as suas palavras, além de serem muito carinhosas para
    comigo, dão-me um valente impulso de motivação. Muito obrigada. Continuamos a ler-nos por aqui. Em boa companhia é sempre mais fácil e melhor.

    ResponderExcluir
  2. Eu é que agradeço a companhia que pessoas como tu me vão fazendo! obrigada!

    ResponderExcluir

Back
to top